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Marciel Soares - Educação primária, escolas isoladas e grupos escolares em Malhador

Atualizado: 9 de ago. de 2022


Para entender a história da educação em Malhador é preciso analisar as transformações no campo educacional em Sergipe ocorridas no passado através de trabalhos de alguns pesquisadores. É impossível falar da nossa história sem citar o ilustre filho da terra Ariosvaldo Figueiredo e sua obra A história de Malhador de 1979.


Segundo ele, no início, o ensino de Malhador não era valorizado pela população muito menos pelos governantes. Os primeiros professores eram Gonçalo da Cruz, as professoras Mariquinha, Menininha (como eram conhecidas), Maria Rollemberg Mendonça e Maria Eulina Tavares de Melo. Nenhum desses eram diplomados e a maioria dos professores particulares cobrava muito pouco para ensinar. Assim, o ensino da época era voltado para a leitura, ditado e tabuada, pois a prioridade era aprender ler, escrever e fazer conta.


Já em Sergipe, estudos apontam que o processo de implementação dos grupos escolares teve início em 1911 fruto da reforma Rodrigues Dória que aprimorou o ensino primário, que passou a ser ministrado em escolas isoladas e grupos escolares. Todavia apenas anos depois começa sua expansão pelo interior e só em meados do século localiza-se a criação de Grupos Escolares rurais em municípios com menos expressividade econômica como o caso de Malhador.

Pesquisas realizadas possibilitaram encontrar documentos oficiais que confirmem o ano de fundação do primeiro grupo escolar de Malhador. No Arquivo Público do Estado de Sergipe, foi encontrado uma cópia do termo de promoção da professora Umbelina Rollemberg de Menezes, da escola do povoado Malhador para uma instituição que não foi discriminada nesse mesmo documento que é datado de 1 de dezembro de 1916. Também não foram encontradas mais fontes desse período que se remetem à educação do munícipio, não sendo possível identificar quantas e quais eram as escolas do antigo povoado. (Lembrando que Malhador era povoado de Riachuelo até o ano de 1953)


Ainda no Arquivo Público, foi encontrado o Ponto Diário da Escola Isolada mista de número 12, do povoado Saco Torto, do ano de 1935. Esse povoado pertencia ao município de Riachuelo e passou a pertencer ao município de Malhador em 1953. A referida escola tinha como professora a senhora Marcinalia Silva e continha 50 alunos. Nesse mesmo documento, constavam os registros dos anos de 1936 e 1937. No último ano do registro, havia 39 alunos matriculados, sendo 25 do sexo masculino e 14 do sexo feminino.


Também foi localizado o livro de Ponto Diário do Povoado Alecrim, do ano de 1937 a 1940. Em 1937, foram identificados os nomes de 39 alunos, sendo 25 do sexo masculino e 14 do sexo feminino, que tinham como professora a senhora Margarida de Andrade Souza. Com o passar dos anos, foi notado que o registro de alunos matriculados sofre um decréscimo; em 1939, passa a ter 28 alunos e a professora era a senhora Anita Almeida da Conceição. Em 1940, esse número cai para 21 matriculados, e, nesse mesmo ano, houve uma troca de professora nos meses de abril, maio e junho, de modo que as aulas, que eram ministradas pela senhora Maria do Carmo Leite, passaram a ser ministradas pela senhora Maria Helena de Oliveira a partir de julho.


Em Malhador, conforme documentos encontrados no Arquivo Público de Sergipe, em 1939, havia duas escolas estaduais e uma municipal. As escolas do estado tinham como diretoras as senhoras Maria Fontes de Carvalho Vasconcelos e Antonia Rosa de Oliveira. Havia também as escolas do povoado Saco Torto e do povoado Alecrim que tinha como suas respectivas diretoras as senhoras Odete Barros Santana e Maria do Carmo Leite. A respeito da escola pública municipal, sua diretora chamava-se Josefina Menezes.


Em 1936 existiam 583 escolas primárias em Sergipe e apesar desse número, o Governo do Estado sentiu a necessidade de aumentar o número de escolas, reformar as que já existiam para que mais pessoas tivessem acesso à educação e, consequentemente, os números de matrículas e frequências aumentassem.


Fonte: Acervo do Memorial Cultural Pedro José dos Santos, Malhador/SE

Talvez a imagem acima seja um dos registros que mais nos dê a possibilidade de enxergar a estrutura física de um grupo escolar de Malhador na década de 1960. Sua estrutura aparentemente simples tentava atender algumas demandas, como, por exemplo as várias janelas, que aparecem na imagem exposta e que permitiam a ventilação e iluminação. Pontos discutidos por autoridades da época e presentes na instituição como uma tentativa de se manter na estética da modernidade.


Existe muito a se explorar e pesquisar sobre a história da educação e as instituições de ensino de Malhador, como também acerca de seus alunos, professores, gestores e outros sujeitos, de modo que os mesmos são peças fundamentais para a educação e para a história do município.


Pesquisar sobre a educação em uma perspectiva histórica é uma forma de compreender os caminhos que uma sociedade, numa determinada época, viveu, é conhecer os aspectos de uma instituição de ensino e é fazer com que a história conquiste mais espaço e não seja esquecida pela população.


Caso alguém deseje se aprofundar na história da educação da nossa terrinha, disponibilizo meu trabalho através do link.

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