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Thaynara Oliveira - Agosto dourado e a importância do aleitamento materno

Atualizado: 2 de ago. de 2022


O mês de agosto simboliza o marco da campanha de incentivo ao aleitamento materno. A iniciativa surgiu na década de 90, mais precisamente no ano de 1991, fruto da parceria entre a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). A ideia ganhou espaço e adesão mundial, quando em 1992, lançou-se a Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM), celebrada mundialmente no período de 1 a 7 de agosto.


Mas, por que “AGOSTO DOURADO”? O termo dourado faz alusão ao ouro, analogamente comparado ao leite materno por este ser um alimento considerado “padrão ouro”. Em outras palavras, o leite materno é o melhor alimento para crianças de 0 a 6 meses de idade, por conter todos os nutrientes necessários para a saúde do bebê (vitaminas, minerais, anticorpos ...), nutrindo, hidratando e fortalecendo as defesas biológicas.


E você sabe por que o leite materno é tão importante para o bebê? Segundo dados do Ministério da Saúde (2009), há comprovada superioridade do leite materno quando comparado a leite de outras origens. Podemos enumerar algumas (das muitas!): evita mortes infantis, sobretudo por evitar infecções; evita diarreias, que também são causas importantes de desidratação, levando a morbimortalidade; evita infecções respiratórias, já que fornece importante fonte de anticorpos; diminui o risco de alergias, principalmente as alergias alimentares; diminui o risco de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, dislipidemia e obesidade; melhora a nutrição; possui efeito positivo na inteligência; contribui para um melhor desenvolvimento motor da cavidade bucal, inclusive na fala, dentre muitos outros.


E os benefícios não se restringem somente ao bebê. Se estendem as mamães também! Isto porque, amamentar é um fator protetivo contra câncer de mama, facilita a redução do peso pós-parto, ajuda a prevenir nova gravidez nos primeiros seis meses, além de ser um fator preponderante na relação mãe-filho. Não obstante, a amamentação ainda promove menores custos financeiros evitando gastos desnecessárias com compra de farinhas e leites artificiais.


Sim, amamentar é lindo ato, porém envolve uma série de fatores para que se estabeleça de forma natural e tranquila. Há de se deixar claro que nem tudo é tão fácil e bonito como vemos nas propagandas. Amamentar requer orientação, apoio familiar, paciência, resiliência. Desde o pré-natal, a mulher deve ser orientada sobre todas as vantagens do aleitamento, bem como as possíveis dificuldades nesse processo: fissuras nos mamilos que geram desconforto, dor e que acabam desencorajando muitas mulheres; nem sempre o leite “desce” rapidamente após o parto; uma rede de apoio que permita que a mulher tenha alimentação adequada, hidratação, descanso e tempo para amamentar. Aqui entra a contribuição da família: mãe, filhos, esposo, enfim... Uma mulher que não tem rede de apoio, certamente irá aos poucos introduzindo novos alimentos pela falta de tempo e pela conjuntura difícil de manter inúmeras tarefas além de amamentar. Consequetemente, aos poucos, reduzirá sua produção de leite e irá fazendo um “desmame” antes do tempo.


Por falar em tempo, a OMS preconiza que o aleitamento materno seja realizado exclusivamente entre 0 e 6 meses de idade em livre demanda e após esse período, de maneira complementar, até dois anos de idade ou mais. Esse “ou mais” quer dizer que não há período específico para parar de amamentar, a decisão é entre mãe e filho.


E se a mãe não conseguiu amamentar seu filho por algum motivo, seja ele de ordem biológica ou social, por favor, não a julgar. Ela não deixará de ser menos mãe por isso. Não conseguiu amamentar de jeito nenhum? Procure ajuda especializada para saber como alimentar o bebê. Conselho geral, que vale pra vida: não associar qualquer tipo de farinha ao leite. Não há necessidade de engrossante! Procure um serviço de saúde e se informe!


Por outro lado, a mãe tem muuuuuito leite? Tem pra dar pro seu bebê que sobra? Por que não doar? Há tantas crianças, sobretudo prematuras, necessitando desse alimento... A doação é gratuita e a equipe pode ir até você! Os bancos de leite humano existem em todo o país e são de fácil acesso. Se você é da região Agreste de Sergipe, por exemplo, o Banco de Leite Humano Irmã Rafela Pepel, anexo à Maternidade São José em Itabaiana, recebe doações de leite materno, além de realizar ações de promoção e consultoria de amamentação.


Não podemos falar em aleitamento materno sem mencionar os mitos que envolvem o processo. Certamente, algum(a) conhecido(a) ou até mesmo familiar já deve ter dado algum palpite a respeito, deixando muitas mamães, em especial as mamães de primeira viagem, temerosas e inseguras. Os principais mitos são: “seu leite é fraco!”, “tome mais leite para aumentar a sua produção de leite!”, “os seios da mulher que amamenta ficam flácidos e caem!”. Permitam-me falar, em caixa alta que NÃO HÁ LEITE FRACO, O QUE AUMENTA A PRODUÇÃO DE LEITE É A HIDRATAÇÃO E NÃO INGESTÃO DE LEITE, AMAMENTAR NÃO FAZ A MAMA CAIR. Tem dúvida sobre qualquer coisa relacionada a amamentação? Procure a equipe de saúde da família da sua área! Todos os profissionais estão aptos a ajudá-la nesse processo, desde as questões relacionadas à apojadura até as legislações pertinentes sobre o assunto.


A Semana Nacional de Aleitamento Materno (SNAM 2022) desse ano traz como lema “fortalecer a amamentação: educando e apoiando” e contará com diversas ações com encontros, palestras, debates sobre a temática, realizadas, principalmente, nas Unidades Básicas de Saúde. O lema traz à tona a importância não só de esclarecer sobre os benefícios da amamentação como também de reforçar a importância da rede de apoio nesse processo.


Segue algumas sugestões/reflexões de como ajudar uma puérpera nesse processo: ao invés de palpitar, dizendo “esse menino(a) tá com fome, dá um gogó porque seu leite não sustenta!”, que tal: “posso te ajudar em algo? Vou te ajudar nas tarefas de casa enquanto você amamenta!” ou “durma e aproveite para descansar com o bebê enquanto ele dorme, eu cuido do resto para você!”. Parece surreal, mas não é! Família, ajude! Colabore! Esposos/companheiros vocês fazem parte do processo! Não é ajuda! É obrigação!


Que os agostos se estendam por todos os meses não só na esfera dos debates, mas nas ações do dia-a-dia. Que possamos julgar, palpitar menos e ajudar mais. Que as mamães e seus bebês tenham ambientes saudáveis para o aleitamento materno, para estarem juntos e felizes. Vamos juntos exercitar esses votos? E você que leu esse texto, o que achou? Tem algum mito a respeito da amamentação? Alguma dúvida? Manda pra gente! Será um prazer dividir/trocar informações com vocês. Até mais!


Thaynara Oliveira

Médica - CRM/SE 6070


* o texto acima é meramente informativo e não substituiu a consulta médica.

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Malhador

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