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Jilberto Oliveira - Balança, mas não cai

Atualizado: 7 de jun. de 2022


Nos últimos anos, nesta data, a rua Leopoldo Reis em Malhador, transforma-se no palco aberto mais agitado da cidade. A responsável por tanta agitação é Luzia Cláudia, filha do saudoso Claudelino de Jesus, Seu Linho, como era conhecido na comunidade.

Luzia nos contou que em 2004, em torno de uma fogueira de São João, no sítio onde Seu Linho tomava conta, ela e o pai tiveram a ideia de criarem um arraiá com objetivo de reunir vizinhos, amigos e pessoas da comunidade a fim de compartilharem os momentos alegres que esta época propicia.

Aprovada a ideia por parte dos vizinhos, chegou o dia em que o evento aconteceu, batizado pelo nome de “Arraiá Arriba a Saia”. Foi um acontecimento esplêndido que rompeu os limites da Leopoldo Reis e envolveu toda a cidade, tendo em vista que as atrações as quais se apresentaram naquela primeira edição faziam muito sucesso entre a população. Essas atrações foram as seguintes: Hetinho Marques, M10, Gilson, Jorginho, Grupo de Fabinho, Banda Talismã e a própria Luzia Cláudia, dando-se oportunidade também para que a comunidade participasse através da apresentações de quadrilhas juninas, brincadeiras de roda, reisado e, claro, não podia faltar o símbolo maior dos festejos de juninos: fogueiras de vários tipos e tamanhos.

Durante a primeira edição, ocorreu um fato curioso que mudaria o nome do evento. Conta-se que, a certa hora da noite, enquanto as atrações se apresentavam, deu uma forte chuva, acompanhada por uma rajada de vento. Não demorou muito e as lonas que cobriam o espaço ficaram pesadas, devido à quantidade de água acumulada sobre elas. Com o imenso peso, a estrutura construída à base de estacas, sarrafos e ripas começou a balançar. Naquele momento, houve um certo alvoroço. Então, Luzia sabedora de que o lugar era seguro, falou: “Calma, minha gente! Balança, mas não cai!”. Essa frase marcante virou um jargão na boca do povo e, no ano seguinte, em 2005, o “Arraiá Arriba a Saia” passou a se chamar “Balança, Mas Não Cai”.

Desde então, o “Arraiá Balança, Mas Não Cai” se tornou uma atração indispensável na agenda cultural da cidade. No entanto, devido a problemas financeiros, houve anos que não deu para ser realizado. Somando-se a essas dificuldades, ocorreu a pandemia de Covid 19, inviabilizando qualquer evento público entre 2020 e 2021.

Neste ano (2022), o “Arraiá Balança, Mas Não Cai” veio a todo vapor e, depois de um longo período em que a população esteve privada de entretenimento público, a edição atual, no seu 15° aniversário, inovou em todos sentidos, pois não foi apenas uma festa para forrozeiros, mas um evento cultural diversificado no qual houve exposição e venda de obras literárias, artes plásticas, produtos artesanais e comidas típicas. Tudo isso em um mesmo pacote, embalado por muito forró, gente bonita e animada. O palco dessa festança foi transferido, pela primeira vez, da Rua Leopoldo Reis para a Praça de Eventos.

Ainda dentro dessas mudanças, ressaltam-se os diversos apoios para o evento, oriundos de vários setores da comunidade em forma de patrocínios, como a TV Sergipe e o comércio local. Já a administração pública municipal, através do prefeito Assisinho e o vice Dr. Everaldo contribuíram na parte estrutural com a montagem do palco e a iluminação; a Câmara de Municipal, representada pelos vereadores Vlademir, Alisson, professora Jeane e Marrom tomaram a iniciativa inédita de adotar um artista da terra. Fora esses apoios, existiram diversas parcerias com artistas, a Banda Filarmônica Jacinto Figueiredo, profissionais e simpatizantes, a exemplos de Ecinho Rodrigues, Marcos Reis, Vaqueiro Janinho e Artur Ferreira, entre outros. Quanto às atrações que se apresentaram, foram as seguintes: Avexe Nela, Vaqueiro Janinho, Marcelino A Kara Nova, Banda Véia Doida, Ecinho Rodrigues e Laby Farias.


Fotos: Arthur Ferreira

Às 3h30 da madrugada de hoje (6), Luzia estava cansada, mas muito feliz e se dirigia ao palco a fim de acompanhar a última banda que se exibia durante o evento. O contentamento dela se justifica, tendo em vista que transformou o “Arraiá Balança, Mas Não Cai”, deste ano, não só em um evento cultural, mas também social, haja vista a oportunidade que ela deu para que outros segmentos de artes fossem divulgados. A exemplos, da Literatura e das Artes Plásticas.

Antes de fechar a cortina do espetáculo, ela arranjou um tempinho para fazer um retrospecto das edições passadas do “Balança, Mas Não Cai”, citando atrações que já trouxe para o evento e, sorrindo, falou sobre artistas de renome em Sergipe e fora do estado como: Hetinho Marques, Ecinho Rodrigues, Banda Talismã, Grupo Aconchego, Manoelito & Grupo, Gilson, Claudio Couto, Correia dos Oito Baixos, Banda Cidade dos Anjos, Jailson & Banda, Painel Eletrônico, Ceguinho das Alagoas, o saudoso Veríssimo, Fonseca Sintonia, Jorginho & Banda. Além desses, Luzia destaca outros filhos ilustres da terra como, o Sr. Raimundo Menezes, Egnaldo Bandolim (o seresteiro rei do choro), Cláudio Miguel – compositor de Cheiro da Terra, participante do grupo Cata Luzes.

Finalizando, Luzia Cláudia relembrou que o ponto marcante do evento (nesse momento, ficou em dúvida quanto ao ano) ocorreu em 2007 quando ela participou de um concurso de quadrilha junina em que a “Forró na Roça”, representante de nosso município, conseguiu o segundo lugar. Na ocasião, cantou “Mulher nova bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor” da cantora Amelinha, fato que chamou a atenção do apresentador de tevê, Pierre Feitosa, o qual deu-lhe o título de “Voz de ouro de Malhador”. Nesse exercício de rememorar o passado, ela se refere a alguns colaboradores que fizeram a diferença na vida dela como, Dida Araújo, Pedro Carregosa e Humberto Martins. Por fim, ela diz que não há palavra para definir a gratidão imensa que tem pela TV Sergipe, tendo em vista todo o apoio que essa emissora tem dado a seu trabalho.

Pelo sucesso estrondoso que foi o evento deste ano, pode-se imaginar o que virá em 2023. Aguardaremos! Vida longa, “Arraiá Balança, Mas não Cai”!


* Este texto poderá ser utilizado como fonte de pesquisa desde que o nome do autor seja citado no trabalho.



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