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Adelmo Barreto - Angico: a morte de Lampião


Na madrugada de 28 de julho de 1938, tombava, em terras sergipanas, Virgulino Ferreira da Silva, o lampião, juntamente com Maria Bonita e mais 9 dos seus cangaceiros. Passados 84 anos do acontecido, o fato ainda desperta o imaginário do povo brasileiro, em especial os nordestinos.


Durante quase 20 anos, Virgulino perambulou por 7 estados nordestinos, liderando um grupo de cangaceiros, após herdar o comando do seu líder, sinhô Pereira. Lampião deu maiores dimensões ao cangaço, embora não tenha sido o seu precursor. Vivendo em condições sub-humanas pelas caatingas nordestinas a vida nômade dos cangaceiros não era fácil, a pouca água e pouca comida juntava-se ás longas distâncias percorridas nas fugas das forças volantes, na maioria das vezes à pé.


Recebidos em algumas cidades com festas, outras vezes de forma hostil fato que levava o grupo a prática de diversos delitos. Ao passar dos anos, lampião passou a dividir opiniões entre os que o vê como herói justiceiro do sertão e os que o vê como bandido. Na sua caminhada delitiva lampião manteve relações tanto com os poderosos coronéis, políticos, como pessoas das classes sociais menos favorecidas, muitas dessas o davam abrigo e faziam compras as quais chamavam de encomendas, uns por livre vontade, outros por pura imposição das armas. Essas pessoas entraram para a história do cangaço como coiteiros e foi por meios de um deles que o seu fim chegou.


No final da década de 1920 até sua morte em 1938, foi comum a presença de lampião, seu bando e subgrupos nos estados da Bahia, Sergipe e Alagoas. Embora tratado de forma diferente entre os estados. O governo da Bahia, por exemplo, oferecia 50 contos de réis por sua cabeça, vivo ou morto, esse fato se dar em muito pela chacina cometida por lampião e seu bando no município de Queimadas, onde 7 policiais foram mortos, esse episódio contou com a participação do cangaceiro nascido no povoado Saco-Torto o jovem Volta de Seca. Já a relação de lampião com as autoridades sergipanas era bem mais amistosa, com destaque para a amizade entre lampião e o interventor do estado de Sergipe, Eronildes de Carvalho. Este, filho de um grande proprietário de terras em Sergipe, Antônio Caixeiro. A máxima cangaceira naquele momento era resumida de tal forma: Em Pernambuco e Bahia, demorar pouco; Alagoas, dormir de pijama; em Sergipe, dormir de cueca.


Na década de 1930 mudanças na política nacional contribuíram para o acontecido na grota da fazenda Angico. A revolução de 1930 coloca Getúlio Vargas no poder, em meados de 1938 o Brasil vivia a ditadura do estado novo, ainda sob o comando de Getúlio Vargas que via o fim do cangaço imprescindível para a modernização do Nordeste. O que faz com que alguns pesquisadores afirmem que o tiro que matou lampião foi disparado do palácio do Catete, Rio de Janeiro.


O vaqueiro e produtor de queijo Joca Bernardo desconfiado com a quantidade de comida que seu compadre Pedro de Cândido comprara nos últimos dias e diante de um desentendimento entre eles; procura o destacamento em busca do tenente João Bezerra, não o encontrando diz ao sargento Aniceto: Os cangaceiros estão pertinho da gente, aperte Pedro de Cândido. Aniceto acreditando na história contada por Joca vai aos correios e envia o celebre telegrama para o tenente João Bezerra: Tudo certo, boi no pasto, venha. Estava traçado o destino do rei do cangaço. Na madrugada do dia 28 de julho, João Bezerra cruza o rio São Francisco partindo do porto de Piranhas, comandando, aproximadamente, 50 policiais da força volante alagoana. As forças foram guiadas pelos irmãos Pedro de Cândido e Durval Rosa, que foram apanhados à força pela volante.


Ao raiar do dia, quando o cangaceiro amoroso pegava água no riacho próximo ao coito o sd Abdon disparou o primeiro tiro, após isso a fumaça dos disparos tomou conta da cena, milhares de tiros foram disparados, a maioria pela volante, já que os cangaceiros foram surpreendidos. Um desses tiros, disparado pelo Sd Noratinho, há controvérsias que seria o Sd Santos o dono da façanha, atingiu o abdômen do rei do cangaço, que o levou a morte instantaneamente, Maria Bonita que estava ao lado também foi atingida e veio a óbito. Lampião, Maria Bonita e mais 9 dos seus cangaceiros, entre eles seu grande escudeiro Luiz Pedro tombaram no tiroteio, pelo lado da volante o Sd Adrião foi morto pelo cangaceiro elétrico. Alguns cangaceiros escaparam.


Após as mortes as 11 cabeças foram cortadas e levadas para Piranhas como troféu; Onde foi feita a foto que ficou imortalizada na história do cangaço, na escadaria da prefeitura onde aparecem as cabeças de Lampião, Maria Bonita e o resto do bando morto. Em seguida foram para Maceió. As cabeças de Lampião e Maria Bonita foram levadas para Salvador para serem estudadas.


Chegava o fim da saga do maior de todos os cangaceiros. Passados 84 anos da sua morte, suas histórias seguem sendo contada em livros, repentes, documentários e cada vez mais desperta o imaginário da cultura nordestinas.


Referências:


ARAÚJO, Antônio Amaury Correia de. Assim morreu Lampião. São Paulo: Ed. Traço. 2013.


MELLO, Frederico Pernambucano de. Apagando o Lampião: vida e morte do rei do cangaço. São Paulo: Global, 2018.

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